Crise na saúde
Com repasses de verba atrasados, Santa Casa de Rio Grande restringe atendimentos
Apenas casos de emergência são absorvidos; risco de greve dos trabalhadores é alto
Divulgação -
O cenário na Santa Casa de Rio Grande deve repercutir em toda a Zona Sul. O risco de greve dos funcionários é alto. Com o pagamento de salários e de férias atrasado e 48% do 13º salário de 2017 ainda em aberto, os trabalhadores podem paralisar as atividades nos próximos dias; nos moldes do que ocorre no Hospital de Caridade de Canguçu. O impacto, entretanto, já pode ser percebido: apenas quadros de emergência devem ser absorvidos.
A orientação é da própria direção do hospital. Os repasses do Governo do Estado e da União, no valor de aproximadamente R$ 3,3 milhões, seguem sem data certa para ocorrer. E, ao contrário do que estava previsto, a liberação de cerca de R$ 760 mil - referentes aos incentivos estaduais de fevereiro - não se confirmou. Em nota, a Santa Casa se pronunciou na tarde desta segunda (30): Lamentamos mais uma falsa expectativa que foi criada em nossos colaboradores.
Ao conversar com o Diário Popular, o administrador do hospital, Régis Pinto e Silva, endureceu o tom, cobrou o repasse de recursos em dia para barrar o desequilíbrio financeiro e lembrou: "O governo precisa se dar conta de que somos um Complexo importante, referência a 30 municípios da região", reforça. Na prática, sem direitos respeitados e dinheiro no bolso, parte dos funcionários passa a não comparecer. E o efeito cascata também ocorre.
Com equipes incompletas, começam as restrições nos atendimentos para evitar que pacientes sejam acolhidos sem condições técnicas mínimas para manter a qualidade nos serviços - explica Régis. E, logo, trata de se solidarizar com os mais de 1,3 mil funcionários. "É um drama. Eles não aguentam mais, estão esgotados. Nós nos solidarizamos com todos; do trabalhador da higienização ao médico".
Conheça alguns números da Santa Casa
- Leitos: 400 (85% destinados ao SUS)
- Funcionários: Mais de 1,3 mil ativos (em 2015 eram 1.715 trabalhadores)
- Valor da folha de pagamento: R$ 2,5 milhões
- Repasses de incentivos atrasados: R$ 3,3 milhões (R$ 970 mil da União e o restante do Estado)
- Pendências com os trabalhadores:
* 9% da folha de pagamento de fevereiro
* Os salários de março e de abril (este prestes a vencer)
* 48% do 13º salário de 2017
* Férias para parte dos trabalhadores
- Referências à comunidade da região em várias áreas:
* Cardiovascular
* Traumatologia
* Neurocirurgia
* Nefrologia
* Grandes queimados
* Oncologia (quimio e radioterapia)
Em Canguçu, greve ganha reforço de enfermeiros
No Hospital de Caridade de Canguçu, a greve ganhará reforços a partir de sexta-feira. Os enfermeiros também irão aderir à mobilização iniciada no dia 26. A decisão foi tomada nesta segunda, em assembleia geral extraordinária. Nos últimos dias, os trabalhadores receberam os salários de fevereiro e 70% do mês de março. Além dos 30% restantes, ainda ficam pendentes o pagamento de férias acumuladas e do 13º salário de 2016 e de 2017; sem falar no vencimento de abril, que também deveria ser depositado nos próximos dias.
Os avanços, todavia, não são o suficiente para encerrar a greve. "Precisamos saber como ficará o futuro do hospital. Ainda precisamos de muitas respostas, além do pagamento dos atrasados", justifica a técnica em Enfermagem, Luciara Luna Lira.
A atual diretoria encerra o mandato em 10 de maio. No dia 8, entretanto, encerra-se o prazo para apresentação de chapas. Até o final da tarde, entretanto, nenhuma candidatura havia sido registrada - confirmou o gestor administrativo, Mário Luiz Fonseca. "Se ninguém se candidatar, repassaremos o comando para o Conselho Fiscal, que vai determinar o que fazer", destacou ao comentar o futuro do Hospital de Caridade. Uma instituição com endividamento total estimado em R$ 25 milhões.
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